terça-feira, 23 de agosto de 2011

Sacanagem literária

Em um bar qualquer, sobre masturbação:

Mulher 1 - "Quando eu era adolescente, pegava escondida um livro de contos de Anais Nin que minha mãe tinha e passava horas trancada no quarto 'lendo com as mãos'", e finalizou a confissão com uma sonora gargalhada.

Mulher 2 - "Eu fazia isso também!!!!", disse, eufórica, pela identificação imediata. "O meu preferido, roubado da estante de casa, era Sexus, de Henry Miller".

Homem, com um leve sorriso no canto da boca - "Pois eu só precisava de uma Playboy".

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Divergência

Nada de olhar e sorrir, quem sabe funcione pra elas, pra nós são necessárias (e nos bastam) duas coisas: alegria e confiança.

Só com alegria e sem confiança, você é só bobo (e elas farejam seu medo). Com confiança e sem alegria você é arrogante e, invariavelmente, babaca. Sem nenhum dos dois você nem começa.

Por isso você deve sorrir e, só como se fosse obrigação e de surpresa, olhar. Só que o olhar, quando se olha, não é o olhar de surpresa, nem do alegre, nem do confiante. É o olhar frio do predador, pra que ela possa só olhar e sorrir e, simples assim, te conquistar.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Como 2 e 2

A fórmula é bem simples: olhar e sorrir. Nada de arco e flecha, metralhadora ou estilingue. Não existe arma mais eficiente para a sedução social. Não importa qual seja a intenção. É só olhar. E sorrir.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Simples assim

- Vc fingiu?
- Claro que não!
- Se tivesse fingido, vc me diria?
- É claro que não.
- Mas assim eu nunca vou saber...
- É só você prestar atenção em mim...
- Mas é lógico que eu presto atenção em você!
- Baby, eu nunca fui boa atriz.

domingo, 7 de agosto de 2011

Quem precisa de cavalo branco?

Em seus sonhos, o cara ideal nunca é um modelo de perfeição física.

Ele sempre tem um sorriso largo, um jeito atraente e irresistível mas que nunca é o objeto de desejo da concorrência. Pelo contrário, em seus sonhos, ele tem algo completamente fascinante que apenas ela consegue perceber.

Ele tem vários rostos, cores de cabelo, tipos de roupa, olhos e sobrancelhas. Sempre diferente, sempre igual.

E mesmo não lembrando o que sonhou em algumas manhãs, ela sabe que ele esteve lá pela posição do travesseiro, esmagado entre suas pernas.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Reincidente

- Já passou da hora de você superar isso.
- Se ao menos você tivesse pedido desculpas.
- Eu pensei nisso, mas achei melhor não pedir. Achei que você me perdoaria.
- E por que você vem me pedir desculpas agora?
- Não vim pedir desculpas, vim te ganhar de novo.

Penitência

Ela desperta a covardia, a agonia e a vontade de manter distância.

Desperta a falta de vontade por não ser capaz de mostrar o seu melhor. Ela desconfia que seu melhor, ou como ele se manifesta, não seja bom o bastante.

E se entrega aos defeitos, tão imperfeitos como só ela pode ter. Até que, exausta, se cansa de tanta pena acumulada em si.

Percebe que, de tão patética, não há mais nada o que fazer. Sozinha, ela só quer parar de se arrepender.

Borracha

Escrevi, dezesseis vezes, textos que representavam apenas uma variação sobre o mesmo tema. Em verso, prosa, canção e dissertação.

Apaguei tudo com a vontade e intensidade necessárias para também apagar tantos sentimentos do meu coração.

Desesperança

- Como você está?

- Como da primeira vez que você me viu..

Nesse momento ele teve certeza de ter reconhecido aquela tristeza, tanta tristeza em um rosto só.

A dor tão doída

Seu coração foi partido. Em pedaços tão microscópicos que ela duvida ser possível juntar todos algum dia.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Segredo

Tenho um segredo. Um lugar que é só meu. Um lugar especial onde coisas muito importantes acontecem todos os dias.
Todos os dias um casal se apaixona.
Todos os dias um simpático senhor com uma camisa de Casablanca supera sua marca.
Todos os dias duas meninas experimentam fumaça pela primeira vez.
Todos os dias alguém senta triste e sem graça num banco de pedra com esperança que não percebam sua dor tão doída.
Todos os dias dois colegas de trabalho almoçam em silêncio e olham nos olhos um do outro.
Todos os dias uma aranha refaz sua teia, destruída pela chuva.
Todos os dias uma criança esquece de brincar com as outras para admirar uma velhinha manejando lentamente um facão chinês.
Todos os dias uma mulher linda escreve alguma coisa no caderno que eu nunca mais vou descobrir.
Todos os dias tomba uma árvore.
Todos os dias o vento espalha as folhas, levanta os cabelos e arranca um sorriso.
Todos os dias são falados quatro idiomas, pelo menos, sem contar o português.
Todos os dias a memória de histórias que não foram construídas. Todos os dias. Mas só de segunda a sexta (exceto feriados).

Sempre assim

- Estou apaixonado.
- De novo? Quem é dessa vez?
- Olinda.
- Olinda? Olinda, a cidade?! Mas você nunca esteve em Olinda.
- É verdade, mas você já escutou Maracutaia cantando Guia de Olinda?